terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os quatro maiores

VERDE E AMARELO (fonte da imagem AQUI)


Texto de Juremir Machado da Silva, publicado hoje no CP:

Não tem para ninguém. Os quatro maiores presidentes da história do Brasil são Getúlio, JK, Jango e Lula.

Avançamos de um nome, tratado, às vezes, pelo sobrenome, para uma sigla e finalmente chegamos aos apelidos. Sintomas de uma evolução da democracia. Deixamos para trás os sobrenomes pomposos da elite quatrocentona paulista. O povo saiu da planície para o Planalto. Lula está com câncer. Alguns abutres vibram sem muita discrição. Imaginam-no fora do jogo. Nunca poderão, no entanto, apagar a sua figura imensa da biografia do Brasil. Getúlio e Lula são os maiores personagens políticos de todos os tempos em nossa história. Se Cabral descobriu o Brasil, se D. Pedro I o tornou independente, se D. Pedro II deu-lhe algum ar de civilização, se a República caiu no colo de Deodoro da Fonseca, Getúlio reinventou o Brasil. Arrancou-o do atraso mais profundo e imobilizador. Empurrou-o para a sua industrialização.

Não conseguiu, contudo, nem na ditadura nem na democracia, arrumá-lo totalmente. As resistências foram poderosas. Enfrentou quatro inimigos: os "carcomidos" paulistas, derrotados de 1930, os comunistas, os integralistas e alguns dos seus aliados de primeira hora. JK entrou no jogo como um campeão da modernidade, do dinamismo e da renovação tecnológica. Deu ao Brasil uma nova capital e uma nova maneira de se ver. Melhorou a nossa autoestima e fez-nos crer que o futuro havia chegado. Sempre tivemos a impressão de viver no passado. Com JK, passamos a viver no futuro. Jango tentou completar Getúlio e ir além de JK. Quis criar um presente satisfatório para os brasileiros. As reformas de base eram necessidades vitais. Como disse Darci Ribeiro, Jango caiu pelos seus acertos, não pelos seus erros. É perigoso demais estar certo antes do tempo. Jango pagou caro.

Passaram-se 40 anos até um homem do povo ser eleito para retomar as iniciativas de Getúlio, JK e Jango. Conta-se com a ciência para curar Lula e mantê-lo firme e forte para os próximos combates. Aos que já o estão secando, salivando pelos cantos da boca, é preciso lembrar que hoje Dilma é o segundo chefe de Estado mais popular da América Latina. O Brasil só melhora realmente quando um presidente consegue distribuir renda, desconcentrar a riqueza e gerar inclusão. Um assessor de Tancredo Neves escreveu para ele discursar: "Esforçar-nos-emos para criar uma nação mais inclusiva". Tancredo traduziu: "Lutaremos por um país em que ninguém fique de fora". Jango tentou. JK nem tanto. Getúlio e Lula conseguiram. Não tudo. Mas um grande salto. Atenção aos corvos: isto não é um obituário. É um elogio em vida. Os grandes também adoecem. Felizmente a medicina evoluiu.

Dentro de 500 anos, os historiadores ainda falarão de Getúlio, o maior de todos, de JK, o modernista, de Jango, o injustiçado, e de Lula, o metalúrgico desqualificado como semianalfabeto que, com seu apelido povão, fez mais e melhor do que a maioria dos doutores tratados por nome e sobrenome sonoros. Ah, antes que alguém tenha essa ideia, não sou petista nem pedetista.

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

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