terça-feira, 28 de setembro de 2010

Israel ameaça parar barco de grupo judeu a caminho de Gaza


Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil

As autoridades israelenses declararam que não vão permitir a entrada em Gaza do barco Irene, tripulado pelo grupo Judeus por Justiça para os Palestinos, que quer protestar contra o bloqueio à população palestina.

O barco Irene, que zarpou de Chipre no domingo, deverá chegar nesta terça-feira às águas territoriais da Faixa de Gaza, porém as autoridades israelenses já afirmaram que não permitirão a aproximação da embarcação.

Os dez passageiros e tripulantes do barco são judeus, cinco deles de cidadania israelense e outros cinco cidadãos europeus e americanos.

Segundo os passageiros, um dos objetivos da ação é demonstrar que "não são todos os judeus do mundo que apoiam a política do governo de Israel em relação aos palestinos".

'Força'

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Igal Palmor, declarou que as autoridades do país estão tentando entrar em contato com os tripulantes do barco e que "se disserem que estão a caminho de Gaza e querem romper o bloqueio, serão presos e levados para o porto de Ashdod".

De acordo com Richard Cooper, cidadão britânico que está a bordo do barco, a ação do grupo é uma "ação simbólica e não violenta, de protesto e solidariedade".

A embarcação, que navega com bandeira britânica, leva uma carga de próteses ortopédicas, redes de pesca, instrumentos musicais e brinquedos para a população de Gaza.

Segundo o site de noticias do jornal Maariv, militares israelenses afirmaram que, "se for necessário, as autoridades israelenses usarão de força" para interceptar o Irene.

De acordo com o site, os militares afirmaram que devido ao pequeno porte da embarcação e ao baixo número de tripulantes, "o barco não pode estar levando uma grande quantidade de equipamento", e concluíram que "não se trata" de ajuda humanitária, mas sim de uma "provocação".

Um dos viajantes do barco é o sobrevivente do Holocausto Reuven Moskovitz.

"Como sobrevivente do Holocausto, o protesto contra a opressão em Gaza é uma missão sagrada para mim", declarou Moskovitz, de 82 anos.

Outro viajante é Rami Elhanan, cidadão israelense que perdeu sua filha, Smadar, em um atentado suicida cometido pelo Hamas, em 1997 em Jerusalém.

"Queremos protestar contra o bloqueio desumano a 1,5 milhão de pessoas na Faixa de Gaza", disse Elhanan.
O barco Irene surpreendeu as autoridades israelenses, que, de acordo com a imprensa local, não estavam cientes dos planos do grupo.

De acordo com o governo israelense, o objetivo do bloqueio à Faixa de Gaza é impedir a entrada de armas que poderiam ser usadas pelo Hamas, que controla a região, para atacar Israel.

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