sexta-feira, 10 de abril de 2009

CIA vai fechar centros secretos de interrogatório


Por Randall Mikkelsen

WASHINGTON (Reuters) - A CIA vai desativar os chamados "locais negros" ("black sites") onde suspeitos de terrorismo eram interrogados com técnicas violentas, como a simulação de afogamento, disse na quinta-feira o diretor da agência norte-americana de inteligência, Leon Panetta.

Em carta a funcionários, ele relatou ter informado o Congresso sobre as políticas carcerárias da CIA, cumprindo uma ordem baixada em janeiro pelo presidente Barack Obama, que proibiu os interrogatórios violentos e determinou que os centros secretos fossem fechados.

Panetta disse também que a agência suspendeu o uso de empregados terceirizados para fazer os interrogatórios, o que muitos parlamentares consideravam que facilitava abusos.

"A CIA não opera mais as instalações de detenção ou 'locais negros', e propôs um plano para desativar os locais restantes. Tenho direcionado o pessoal da nossa agência para assumir o processo de desativação, e dei novas instruções para que os contratos para a segurança dos locais sejam imediatamente encerrados", afirmou a carta, a cujo conteúdo a Reuters teve acesso.

Os centros secretos, atualmente vazios, ficam em países não-identificados e foram usados para manter suspeitos capturados como parte da "guerra ao terrorismo" movida pelo governo de George W. Bush depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

A CIA admite que submeteu pelo menos três suspeitos à simulação de afogamento nesses locais --Khalid Sheikh Mohammed, suposto mentor do 11 de Setembro, e os supostos militantes da Al Qaeda Abu Zubayhda e Abd Al Rahim Al Nishiri.

Panetta disse que a CIA vai continuar interrogando suspeitos quando for necessário, mas que usará "um estilo de diálogo no questionamento, que é plenamente consistente com as abordagens de interrogatórios autorizadas e listadas pelo Manual de Campo do Exército".

"A CIA não tolera, e vai continuar a relatar imediatamente, qualquer comportamento inapropriado ou acusações de abuso. Isso vale se o suspeito estiver sob custódia de um parceiro dos EUA ou de um serviço de ligação estrangeiro", acrescentou.

Além disso, afirmou, "nenhum contratado (terceirizado) da CIA irá conduzir interrogatórios".

Ativistas dos direitos humanos dizem que algumas políticas do governo Obama não garantem tratamento humano a suspeitos de terrorismo detidos no exterior, e pedem às autoridades atuais que investiguem e divulguem de forma mais incisiva os abusos ocorridos no governo Bush.

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