quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Febre Nipônica ^___^


Por Lara (16 anos)

Um dia desses estava eu ao computador do colégio, lendo um mangá qualquer, quando, de repente, fui interpelada por um gurizinho de mais ou menos 9 anos. Ele olhou para a tela do computador em que eu estava, e, do nada, me perguntou, curioso: ”Você gosta de mangás?”

A minha primeira reação foi olhar, desconcertada, para o garoto. Depois, finalmente, respondi que sim, gosto. E, mais tarde, pensando sobre isso, ri de mim mesma, achando graça da minha própria surpresa. Não havia motivo para isso, afinal, que garoto dessa idade, nos dias de hoje, não gosta dos desenhos japoneses? No entanto, por volta de dois anos atrás, não era assim. Apenas um reduzido e seleto grupo de pessoas gostava de mangás e animes e os conhecia além do básico “Pokemón”. Assim, surge a pergunta: de onde saiu tamanho entusiasmo em relação a eles? Por que, simplesmente do nada, todos (ou quase) começaram a gostar desse assunto?

Alguns poderiam pôr a culpa na globalização. E, certamente, ela pode ser um dos motivos para tal – mas não o principal. E isso se deve ao fato de que o facilitamento do transporte e da comunicação podem até ajudar a propagação do mangá. Entretanto, quem o julgará, o consumirá, quem gostará dele (ou não!) são as pessoas. A globalização é apenas um meio. As pessoas é que são o fim, e, de certa forma, o início, e por isso, são as únicas “culpadas” por essa invasão nipônica em nosso cotidiano tão diferente culturalmente.

Mas o que leva uma multidão a gostar de mesma coisa (no caso, mangá)? Essa, talvez, seja a pergunta crucial a ser feita. O que leva a todos seguirem uma moda? Porque é bonito? Mas o conceito de beleza é tão relativo...! O que leva a quase todas as pessoas a comprarem as mesmas coisas das mesmas marcas, como se quisessem se uniformizar, ser iguais? Porque as pessoas bonitas das propagandas também as têm? Isso não é desculpa. Todos sabem que aqueles que fazem as propagandas são pagos para isso - não emitem verdadeiramente seu julgamento pessoal. Além do mais, propagandas são apenas propagandas, assim como programas de TV não passam de programas. Quem realmente decide são as pessoas. Então o que as leva a seguir tão fielmente a mídia, composta tão somente de meras pessoas?

Insegurança. Essa é a palavra chave. Apenas uma pessoa insegura segue lealmente tudo o que é dito para ela, sem contestar. É claro que há quem às vezes segue a mídia, a moda, porque realmente gosta do que vê – mas é preciso saber a diferença entre o gostar após avaliação crítica e o “gostar porque todos gostam”.

E o que causa a insegurança? Bom, para isso, existem inúmeras respostas: problemas na família, na escola, com os amigos (ou falta de...), ou, ainda, com a globalização que amplia absurdamente os horizontes e faz com que haja quem se perca em sua imensidão. Porém, nada de crucificá-la, chamá-la de vilã. Nada disso. Como foi dito antes, a globalização é apenas uma ferramenta, um meio. Quem faz algo – ou deixa de fazer – são os humanos.

Frente a isso, o que, então, deveria ser feito? Bem, isso já não é algo a que eu possa responder. Na verdade, às vezes penso que isso não é algo a ser respondido por alguém para alguém. É algo que deve ser confrontado dentro da mente de cada um, e ser desvendado individualmente, pois só assim o significado da revelação poderá ser plenamente compreendido. É claro que isso leva tempo. Eu, por exemplo, ainda não alcancei tal estado de magnitude. Mas, enquanto tento, vou aproveitando para torcer fervorosamente que a febre em relação à cultura japonesa passe logo. Sempre gostei da exclusividade...

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