quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Anne-Sophie Mutter

Beethoven's Cadenza (3rd Movement):

Anne-Sophie Mutter: música por um ser humano melhor

Começando como tantas outras crianças-prodígio, ela tornou-se mais do que uma virtuose do violino: é uma mulher inteligente e socialmente engajada. E que acredita no poder da música para criar seres humanos melhores.

Ela nasceu em 29 de junho de 1963 em Rheinfelden, porém em breve sua fama já ultrapassaria as fronteiras do estado de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha. Com pouco mais de 13 anos de idade, Anne-Sophie Mutter executava o Concerto para violino e orquestra em sol maior de Wolfgang Amadeus Mozart nos Concertos de Pentecostes de Salzburgo, ao lado do maestro Herbert von Karajan.

A apresentação em 1977 foi o início de uma longa amizade e parceria musical. Na qualidade de diretor do Festival de Salzburgo, da Ópera Nacional de Viena e da Filarmônica de Berlim, o regente austríaco era o homem mais poderoso da cena musical européia, e contribuiu decisivamente para a ascensão meteórica da violinista.

E Mozart permaneceu uma fonte de fascinação para ela, como revelou recentemente. "Nenhum outro compositor escreveu tanto para o violino, houve poucos que fossem violinistas tão excelentes – e não apenas virtuoses como Paganini, mas também grandes músicos. Mozart será sempre um sweet spot em minha vida." Em 2006, por ocasião dos 250 anos do nascimento do compositor, ela gravou todas as suas 16 sonatas para violino e piano.

Concerto no tempo presente

Mozart, Beethoven, Bach: os grandes da música do passado são como velhos conhecidos para Anne-Sophie Mutter. Porém, desde o início de sua carreira, ela também se dedicou a sons bem diferentes, os da música contemporânea. Compositores como o polonês Witold Lutoslawski ou o alemão Wolfgang Rihm dedicaram obras suas à violinista.

Há pouco ela recebeu novamente uma nova consagração desta ordem. A russa Sofia Gubaidulina – uma das mais famosas compositoras das últimas décadas – dedicou-lhe seu segundo concerto, In tempus praesens. E Mutter naturalmente não se deixou furtar a oportunidade de ser a primeira a registrar a obra em CD, seu primeiro desde a "avalanche Mozart" de 2006.

No recém-lançado Bach meets Gubaidulina, com a London Symphony Orchestra sob a regência do russo Valery Gergiev, Mutter contrapõe à obra contemporânea os dois concertos para violino e orquestra de cordas de Johann Sebastian Bach. As opiniões sobre o experimento se dividem, porém o desempenho de Mutter é sempre ressaltado com louvor.

Música para um ser humano melhor

A música erudita não é a única paixão de Anne-Sophie Mutter. "É claro que cresci com o rock, sou fã ardorosa dos Rolling Stones. Acredito que de certo modo ficamos presos aos gostos da adolescência, que alguma vez nos foram tão próximos. Eu também adorava Phil Collins, fui a alguns concertos dele. Tenho que confessar: cheguei a viajar, em grande histeria, para shows de Elton John."

E, no entanto, a música clássica e sua veiculação, justamente para os mais jovens, é uma questão afetiva para a virtuose alemã. Apesar de sua agenda lotada, ela reserva tempo para o trabalho com jovens. Esta é uma das principais atribuições de sua recém-fundada Fundação Anne-Sophie Mutter, que em 2008 foi agraciada com o Prêmio Musical Ernst von Siemens.

Mutter sabe que nem sempre é fácil aproximar as crianças do erudito, de forma duradoura. Mas o esforço vale a pena. "Se dermos a nossos filhos a possibilidade de se comunicarem cedo através da música, explorar o corpo através da própria voz, desenvolver as habilidades hápticas de várias formas – então também a aptidão social, de se integrar em grupos, de interagir com os outros respeitosamente, de acatar, quem sabe, até mesmo prezar outras raízes culturais, então estes importantes componentes terão sido plantados bem cedo na vida da pessoa."

E para além do prazer de tocar um instrumento ficará mais do que um ouvido treinado, espera a violinista. "Talvez resulte numa pessoa mais sensível, mais atenta. A música também dá um prazer imenso!" Um prazer que Anne-Sophie Mutter não perdeu, após mais de 30 anos de carreira.

DEUTSCHE WELLE

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