sábado, 27 de setembro de 2008

A família brasileira típica já nao é mais a mesma


Sabe aquela família típica, retratada em programas de televisao, capas de revista e letras de música? Pois é, ela anda cada vez mais escassa. De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada na 4a pelo IBGE, apenas 49% dos 56,4 milhoes de domicílios brasileiros eram habitados em 2007 por um arranjo familiar composto por casais com filhos - em 1981, esse percentual chegava a 65%. Além disso, o número de mulheres com apenas 1 filho subiu de 26% para 31% entre 1997 e 2007.

Novos modelos vao tomando o lugar da grande família no cenário nacional. O mais frequente é o modelo do lar habitado por maes que criam seus filhos sem maridos - o que no ano passado só se encontrava em 17,4% das residências. Porém, o aumento do numero dos casais sem filhos, que passou de 13% para 16% nos últimos 10 anos, também é um fenômeno que merece ser estudado com atençao. Seja porque resolveram ter filhos mais tarde ou porque decidiram nao ter, essas pessoas tendem a contar com uma maior renda discricionária, podendo desviar para o consumo parte das economias que teriam que dedicar ao sustento das crianças. Vale dizer que 3,5% desses domicílios sao compostos por marido e esposa que trabalham - o que significa que o IBGE conseguiu dimensionar em cerca de 2 milhoes de famílias os nossos 'dinks', sigla para 'double income no kids' (dupla renda sem crianças).

Merece destaque ainda no levantamento do IBGE o aumento dos lares unipessoais, ou seja, aqueles habitados por uma só pessoa, que passaram de 8% para 11% em 10 anos. Cerca de 40% dos que vivem sozinhos no país têm mais de 60 anos. Em grande parte, isso se deve ao aumento da expectativa de vida, que passou de 63 anos em 1981 para quase 73 anos em 2007 - em outras palavras, ganhamos impressionantes 10 anos de vida, em funçao dos avanços sociais e da medicina. Como consequência, hoje 10,5% dos brasileiros têm mais de 60 anos de idade. Para dar uma idéia da importância desse fenômeno, basta dizer que enquanto a populaçao brasileira cresceu 21,6% entre 1997 e 2007, o grupo de pessoas a partir de 60 anos aumentou em 47,8% e a faixa etária de 80 anos ou mais cresceu 65%. Considerando que a taxa de fecundidade continua caindo (passou de 2,54 filhos por mulher em 1997 para 1,95 em 2007), fica fácil concluir que o processo de envelhecimento da nossa populaçao será inevitável.

Em resumo, a família brasileira, definitivamente, nao é mais a mesma. A composiçao tradicional, de homem e mulher casados com filhos está presente em menos da metade dos nossos lares. Novos formatos ganham espaço e ajudam a mudar a cara da nossa sociedade, que nunca mais será do jeito que já foi um dia.

26/09 Luiz Alberto Marinho, para o BLUE BUS.

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